domingo, 1 de agosto de 2010

Em nome da criança

Em nome da criança
Os dois textos abaixo são da autoria espiritual de Janusz Korczak e foram psicografados em épocas diferentes por Rita Foelker.
Ambos contém um apelo eloqüente a todas as pessoas do planeta que se importam, ao menos um pouco, com seus semelhantes.
Um apelo que, por esta via, consegue chegar até você e que, através de você, pode caminhar muito mais.

Um pedido, uma pergunta

Janusz Korczak / Rita Foelker


Está nos olhos chorosos, nas faces macilentas das crianças africanas, filhas da fome e da pobreza, mas não sai do rosto da linda menina encapotada de longos cabelos ao vento, que patina no gelo do Central Park.
Na expressão temerosa do garoto sardento de cabelos loiros em corte militar e nos grandes olhos negros da criança que caminha pelas empoeiradas estradas do México.
No olhar distante da menina alta e fina que espia na janela, no morro da favela, e nos olhos da pequenina sentada à beira da piscina da escola de natação.
Em todos os olhos, sorrisos e lágrimas de cada criança, Deus endereça aos adultos um pedido e uma pergunta.
Esteja na Índia ou na China, seu idioma é sempre compreendido por quem entende a linguagem do próprio coração.
Pegando latinhas na rua, recitando um jogral ou aprendendo danças no kibutz, ecoa pela Terra seu pedido: Olhe pra mim. Veja quem sou.
(Talvez por isso sejam sempre tão agitadas e ruidosas: porque se está muito distraído a controlar a conta bancária e a escolher a roupa adequada, para poder ouvi-las. Se fizessem muito silêncio, seriam notadas?...)
Todas querem saber: Como é crescer?
Realmente poderei tudo, saciar minha fome, ajudar minha mãe, escolher meu destino?
Serei realmente poderoso, viverei numa linda casa cheia de quartos para meus amigos?
Saberei como curar a dor que me dói, escrever uma carta aos governantes? Terei o poder de acabar com a pobreza e de fazer feliz a quem amo?
Terei tempo para ler e estudar, mas também de trabalhar, sem esquecer de rir e de brincar?
Você, que já é grande, pode me explicar?...



Às pessoas de hoje em dia
Janusz Kórczak / Rita Foelker - 31/01/03

As pessoas de hoje em dia olham com horror as fotos de meu tempo. Cenas em preto-e-branco da violência em todos os níveis, da afronta à dignidade, do desrespeito aos mínimos direitos, inclusive, do ser humano em som, forma e sentimento de criança.
Alguns horrores do presente, porém, passam despercebidos.
Ora, hoje em dia não se faz mais nada como aquilo.
Não?!...
Vejo cenas que me chocam todos os dias, nas cidades.
Também nos campos, a alienação perdura.
O holocausto da infância e da inocência nas ruas, nos bairros pobres e nos ambientes abastados. O holocausto da dignidade humana.
Afinal, do que dependem as oportunidades e o futuro de uma criança nestes tempos em que vivem?
Os pais de classe média/alta sabem: estrutura familiar estável, bons colégios, boa formação, alimentação adequada, atendimento médico, valores sólidos e boas perspectivas de vida.
Todos sabem o que acontece quando privamos um pequeno destas coisas, tanto que nos sacrificamos para que nada disto falte aos nossos filhos, embora seja difícil, às vezes, oferecer-lhes tanto quanto desejaríamos.
Mas, existem outras crianças que não conseguem quase nada, exceto serem responsabilizadas pelos atos nascidos da falta de educação que jamais lhes foi proporcionada, para terminarem punidas e segregadas.
Crianças que não conseguem comer todos os dias.
Que não sabem o que é banho, leite, caderno, lápis...
Crianças que não sabem que não enxergam bem, que precisam de óculos porque, desde que nasceram, vêem o mundo embaçado e confuso.
Então, mesmo considerando o aumento da população do planeta nas estatísticas do aumento da violência familiar, do trabalho infantil, da miséria, do abandono e da própria escravidão, ainda assim, os números não deixam de ser estarrecedores. Pois sob a máscara dos números há rostos e corações, há dores insuspeitadas e a luta diária para sobreviver e seguir.
Como podemos passar pela humanidade nestes tempos, sem que estas coisas toquem nossos corações?
O mundo está cheio de pessoas cuidando de suas obrigações e fazendo seu serviço, indiferentes ao irmão que está perto. A indiferença dos soldados cumprindo ordens de extermínio tem a mesma origem da indiferença dos tempos de hoje, que nos faz entrar num ônibus e seguir para o trabalho todos os dias, sem jamais nos lembrarmos de quem se sentou na poltrona ao lado. De entrarmos num templo, ajoelharmos e rezarmos toda semana sem saber quem estava à direita e à esquerda.
A solução da Educação é a melhor, mas leva seu próprio tempo. A mobilização do sentimento que não nos permite ver o mal sem agir precisa surgir nos corações das pessoas de hoje. Trabalhando na edificação das almas, precisamos também sustentá-las para que não desfaleçam. Sustentá-las com o pão do amor e da confiança, com o pão de trigo e cevada. Com leite de mãe e abraço de amigo.
Em que você pode ajudar?
Se se interessar em conhecer um outro texto do mesmo autor espiritual, acesse o Jornal do CEM - http://www.jornalcem.hpg.com.br/ - e procure no menu o título Não chorem nossas crianças.
Criação e Design: Rita Foelker - ritafoelker@edicoesgilp://www.edicoesgil.com.br/educador/pedido.html

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