domingo, 15 de maio de 2011

A FALÊNCIA RURAL

Perto da minha roça, onde nasci e me criei, existia um tal de Belizário que plantava algodão. Houve um tempo que praticamente todo produtor Rural aqui dessa região plantava algodão e também arroz, feijão e milho. Mas o algodão era notório, dava muitos empregos na época da colheita, era tudo manual mesmo. Minha mãe, foi uma grande colhedora de algodão, ela conta que gostava muito da época das colheitas, porque iam muitas moças e rapazes para as roças e era muito divertido. Então o preço foi caindo, caindo, o tempo interferindo negativamente e outras dificuldades aparecendo, muitos produtores abondonando os campos de algodão, porque não era mais conviniente, mas o Belizário continuava. Então os amigos diziam: Belizário, deixa de bobo, pára também, o algodão não compensa mais, você vai é quebrar (Era o palavreado usado para designar falência) e ele dizia: Não, temos de plantar, se eu não plantar vai faltar algodão, o que vai ser da cidade, e se faltar arroz, feijão, mesmo dando prejuízo, nós temos de continuar. E um amigo dele que nos contou essa história dizia : O problema da cidade não é nosso,amigo, é do governo, é ele que tem a obrigação de fazer leis que permita o homem do campo assegurar a sustentação dos alimentos de todos que vivem lá. Se o governo acha mais fácil colocar o arroz nas prateleiras dos supermecados com um preço mais baixo do que eu gasto para produzí-lo aqui, então eu naõ posso fazer nada, a não ser ir lá e comprá-lo também.

-Mas isso é uma vergonha para nós.

-Que, vergonha nada, faça as contas, sem contar os riscos de faltar chuva, ou de chover dimais. Mas o Belizário não queria nem saber de fazer contas. Foi a falência, e mesmo falido continuou ainda por um tempo e eu me lembro de suas últimas pequenas plantações de algodão. Desde aquela época até hoje ningúem mais cultiva esse produto, nunca mais voltou a ser sequer cogitado por aqui. E só agora os preços se elevaram. A lição que eu tiro dessas lembranças é que realmente ningúem do poder se importa com a situação do produtor de alimentos, quando o que mata a fome do brasileiro é o arroz, o feijão, a carne e outras coisas que não são só tiradas da terra, são plantadas, cuidadas e colhidas, lá no campo. Até hoje ja inventaram muitas tecnologias para desenpenhar e substituir o trabalho duro dos homens, mas a forma como essas sementes se transformam em grãos ainda é e será feito na roça, na terra, pela incrivel sabedoria de Deus.

Não pode continuar havendo essa omissão por parte do governo, por que realmente, se há coisa não for conveniente para mim eu tenho que pensar em outra, e não posso arcar com uma responsabilidade que é de todos. Por causa dessa omissão o campo está indo a falência. E Embora poucos Belizários ainda existam, eles estão com os dias contados. Antes eu me importava bastante com isso, ficava triste de ver a solidão que se instalou com a saída de pessoas da zona rural para as cidades, mas agora eu simplesmente penso como o amigo do Belizário: Isso é problema do governo. Eu infelizmente não posso fazer nada, por que eu mesma vim para a cidade, se fosse bom plantar algodão eu estaria lá. O que não é bom para mim porque desejar para o meu irmão? Mas chegar a essa conclusão não é vitória, é derrota, uma triste derrota. O que fizeram e querem fazer com o homem do campo? Só Deus o sabe.

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